A incerteza voltou com a inflação
Revista Exame, de 04.05.2011
O governo Dilma Rousseff escolheu uma postura nebulosa no combate à inflação. E isso está gerando uma insegurança que há muito não se via na economia brasileira
Um pouco de inflação não dói?: ninguém mais duvida que os preços estão subindo. A dúvida é se o governo está correto ao atacar com mão leve a inflação
A economia brasileira usufruiu nos últimos anos, de um longo pe-ríodo de extrema confiança nos seus fundamentos. O êxito do modelo de sustentação da estabilidade — o tripé formado por câmbio flutuante, geração de superávit nas contas do governo e metas para a inflação — era quase um consenso.
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Ao menos nas duas últimas eleições presidenciais, candidatos sérios ao Planalto não ousavam contrariar tais princípios. Do final do ano para cá, porém, vem crescendo a dúvida sobre o compromisso do governo com a manutenção do tripé. Estejam as críticas certas ou erradas — e os dados de hoje não permitem nenhuma afirmação categórica nesse sentido —, o fato é que esse debate representa, por si só, uma má notícia: a volta da incerteza à cena brasileira.
No plano da economia, não existe nada mais corrosivo para as empresas, o cidadão comum e até para o próprio governo do que a ausência de parâmetros seguros para planejar o dia a dia. O que está deixando muitos analistas atônitos é a atuação do governo Dilma Rousseff, nos seus primeiros quatro meses, nos fronts fiscal, monetário e cambial.
“O mercado está confuso porque a política econômica tem tentado perseguir simultaneamente vários objetivos díspares”, diz o economista Cláudio Haddad, presidente da escola de negócios Insper, de São Paulo. “De um lado, o governo anuncia um ajuste fiscal, mas, de outro, continua a gastar.
Além disso, embora a presidente Dilma tenha reafirmado seu compromisso com a estabilidade, o Banco Central parece relutante no combate à inflação. Por fim, algumas autoridades pregam a desvalorização do real, mas o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconhece que o governo não tem como evitar a queda do dólar.”
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